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Todos os textos aqui publicados são escritos por mim, baseados em meus trabalhos acadêmicos da vida universitária construida na UNIFESP, no qual eu acho interessante e gostaria de compartilhar.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O Principe



O homem prudente escolherá sempre o caminho trilhado
pelos grandes vultos, selecionando os mais destacados,
de modo que, mesmo sem atingir sua grandeza, se
beneficiará de qualquer modo com alguns de seus reflexos.

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469. Pertencia a uma família tradicional que não chegava a ser abastada, com pelo menos dois séculos de existência em Florença. A infância e juventude de Maquiavel correspondem ao desabrochar de uma nova era, a Idade Moderna, que soterra as antigas instituições medievais em um vendaval de transformações. Foi espectador e agente do processo de gestação de um novo tipo de Estado, o Estado Moderno Centralizado, que aboliu os particularismos políticos feudais e instalou o Absolutismo Monárquico, cuja forma de governo prevaleceu até o início da Idade Contemporânea.
Com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional. Com a queda de Soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito Lívio , mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima O Príncipe
Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.

 
Contexto Histórico

O tempo trás consigo todas as coisas,
indiferentemente : o bem e o mal.

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel viveu entre a metade do século XV e início do século XVI. No período de sua vivência, o mundo era diversificado em termos de governo; alguns paises utilizavam a Monarquia e outros paises utilizavam a República. O poder da Igreja era tamanho e sua influência ia para além de questões morais e culturais, instaurando-se também no campo da Política. O período é de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, repleto de “novidades”, marcado pelas criações de grandes obras de arte, avanços da ciência, invenções tecnológicas, guerras por conquista de território, o Mercantilismo e as grandes navegações. É uma época de efervescência, particularmente rica e conflituosa, o epicentro de grandes crises e, ao mesmo tempo, geradora de grandes soluções.
O espírito crítico do Renascimento atingia a um só tempo os valores feudais, a nobreza e seu estilo de vida, a Igreja e sua concepção de mundo e poder. Maquiavel reflete tudo isso, cada passo de sua obra é balizado pelos padrões do seu tempo. O Estado moderno, centralizado, tendo o governo concentrado nas mãos de um rei com poderes absolutos, constituiu um dos seus fascínios. Desse Estado moderno, Maquiavel foi um dos principais ideólogos.

O Príncipe

 
Quem não prepara os alicerces do poder antes de
alcançá-lo com valor pode fazê-lo depois, embora
isto represente um grande esforço para o
arquiteto, e perigo para o edifício.

Nicolau Maquiavel


O Príncipe foi escrito por Maquiavel em 1513, dedicado à Lorenzo de Medici. Escrito em vinte e seis capítulos com vocabulário simples e explicativo, o livro tem o intuito de estilizar aos governantes, sejam eles príncipes ou não, uma forma eficaz de conduzir seu governo, de modo que o governante consiga se manter no poder e administrar com êxito o seu território. Para tal efeito, Maquiavel aponta os principais aspectos que devem ser levados em consideração pelo governante, desde os vários tipos de Estado e como são constituídos`, explicando inclusive seus prós e contras, à sorte sobre o homem e como resistir-lhe , apontando as conseqüências boas ou não em contar com a sorte.

A riqueza de detalhes, a precisão das informações e o caráter instrutivo faz de O Príncipe um verdadeiro manual da ciência política. Maquiavel utiliza-se de uma metodologia bastante astuta para realizar sua intenção quando, além de dizer o que deve ser feito, ainda explica o porquê da ação e cita exemplos concretos para enriquecer e sustentar ainda mais seu argumento, deixando a impressão de que seus ensinamentos são infalíveis e absolutos para quem os segue.

Diante de todos os temas abordados pelo autor, os que mais incitam são aqueles mais óbvios porém menos impensáveis de ser considerados; por exemplo a questão do exército, presente nos capítulos VI e VII, onde Maquiavel aponta a importância e benefícios de ter um exercito legitimo, e os riscos de se utilizar um exercito “comprado”, e ainda, como conduzir esse exercito em seu beneficio. Também a questão da popularidade que o governante precisa ter para se manter no poder, presentes nos capítulos XV, XVI, XVII, XVIII e XIX , indagando a crueldade e a clemência por parte do governante perante seu povo, bem como as razões pelas quais os príncipes são amados ou odiados, e ainda a eficácia de os sê-lo.

Frente à todas as lições de Maquiavel ao Príncipe, fica passível de entendimento para também o povo, a possibilidade de detectar um bom ou um mau governante, já que ele nos propicia uma perspectiva de observar principalmente, as fragilidades de um governo, e as qualidades de um governante. De tudo isso, o que mais chama atenção é constatar que uma coisa escrita e vivida há tantos anos, ainda é valida para a atualidade, inclusive ícones políticos da nossa história afirmam ter usado alguns ensinamentos de Maquiavel, como por exemplo o Fernando Henrique Cardoso.

Em suma, O Príncipe nos deixa a lição de como agir da melhor forma em determinadas circunstâncias e até que ponto aquilo é válido para nós, de modo que consigamos nos tornar grandiosos frente nossos atos e subsidiar nosso governo. Ler O Príncipe não fica somente para contribuições intelectuais no âmbito acadêmico; fica para o âmbito da vida como um todo, sobretudo no âmbito da vida profissional.

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