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Todos os textos aqui publicados são escritos por mim, baseados em meus trabalhos acadêmicos da vida universitária construida na UNIFESP, no qual eu acho interessante e gostaria de compartilhar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Resenha : A árvore do conhecimento


Humberto Maturana e Francisco Varela são pesquisadores que desenvolveram um trabalho transdisciplinar centrado no propósito de entender a organização do sistemas vivos com relação ao seu caráter unitário. Para tal, eles tiveram de entender a natureza autônoma da organização biológica, e entender como a identidade pode ser mantida durante a evolução que gera a diversidade. Eles explanam quais são as relações que permanecem invariantes entre tais componentes, e que constituem o ser vivo enquanto tal, não importando qual é a sua natureza.
No livro A árvore do conhecimento, os autores Humberto Maturana e Francisco Varela mostram que a idéia de que o mundo não é pré-dado e que o construímos ao longo de nossa interação com ele, não é apenas teórica; apóia-se em evidências concretas. Várias dessas evidências são expostas com a freqüente utilização de exemplos e relatos de experimentos, tais como a experiência do ponto cego e a experiência das sombras coloridas, que tem o intuito de familiarizar os leitores á essas vivencias e fazer com que eles compreendam com mais facilidade o intuito do livro - nos fazer perceber a instabilidade do que antes nos parecia sólido. As teorias dos dois autores constituem uma concepção original e desafiadora, cujas conseqüências éticas agora começam a ser percebidas com crescente nitidez. Desafiadora porque este livro, precisamente mostrará, ao estudar de perto o fenômeno do conhecimento e nossas ações ocasionadas por ele, que toda experiência cognitiva envolve aquele que conhece de uma maneira pessoal, enraizada em sua estrutura biológica; e toda experiência de certeza é um fenômeno individual, cego ao ato cognitivo do outro em uma solidão que é transcendida somente no mundo criado com esse outro. O livro pode ser visto como um convite a resistirmos à tentação da certeza, onde o fenômeno do conhecer não pode ser equiparado à existência de “fatos” ou objetos no qual possamos captar e armazenar na cabeça; somente utilizar o instrumento de análise para analisar o próprio instrumento de análise.
A idéia de desvendar o fenômeno do conhecer é realmente fascinante. Quando entramos em contato com essa percepção de que as “nossas certezas” são questionáveis e que as certezas que trazemos conosco são experiências individuais, nos deparamos com grandes questões : “ Se isso é certo para mim, e não é para você, então qual certeza é a certeza válida ? E quem nos responderá esta questão?“
Ao meu ver, são questionamentos importantíssimos principalmente para ampliar a aceitação de conceitos de senso comum, e nos melhorar como indivíduos, como humanos, como pessoas.

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